
Sempre defendi que se alguém não concorda com as propostas que se apresentam ao sufrágio, deve optar pelo voto em branco. Contudo, o argumento de um amigo que dizia "eu queria ver se lá não fosse ninguém, como é que eles se desenrascavam...", ficou-me cá a ressoar.
Em primeiro lugar porque, se tal acontecesse, seria um desastre político mas, sobretudo, social. Mas em segundo lugar, retive o "eles". Infelizmente a maioria dos Portugueses continua (ou está cada vez mais) a associar a política a algo que não lhes interessa e não querem saber. Conota-se com jogos de poder, o poder pelo poder, para organizar a sua vidinha (Medina Carreira... imperdível!) e com falcatruas, ilegalidades e falta de moralidade. E têm razão! Em Portugal é isto que acontece em muitos casos.
Por outro lado, a vida partidária deste país está carregada de omissões das coisas mais importantes, que deveriam ser discutidas edebatidas, mas nunca o são. Temos uma situação ridícula de quem não se encontra no poder estar, então, na chamada OPOSIÇÃO.
A definição que o dicionário apresenta para esta palavra, não poderia ser mais sintomática do erro que é assumir que quem não está no governo, se encontra na oposição:
oposição
s. f.
1. Acto!Ato ou efeito de opor ou de opor-se.
2. Impedimento.
3. Incompatibilidade.
4. Resistência.
5. Conjunto de partidos que combatem um governo.
6. Concurso (a um lugar ou emprego).
s. f.
1. Acto!Ato ou efeito de opor ou de opor-se.
2. Impedimento.
3. Incompatibilidade.
4. Resistência.
5. Conjunto de partidos que combatem um governo.
6. Concurso (a um lugar ou emprego).
O próprio dicionário, para além de todosos outros sinónimos, afirma que "oposição é também um conjunto de partidos que combatem um governo".
Então, afinal andamos aqui todos a fazer papel de parvos. Elegemos um partido para depois o combatermos?
Será que quem está nas outras bancadas não tem também poder? Afinal, os eleitos que não estão no governo, não receberam do seu povo o voto de confiança? Será que não têm um papel a desempenhar na cooperação construtiva com o governo e na discussão das matérias importantes para o desenvolvimento económico e social de um país e de um povo?
Claro que não estou aqui a defender este ou aquele governo, partido ou o que seja. Interrogo-me apenas se o termo OPOSIÇÃO não deveria ser banido do léxico político. É que na maioria dos casos partidos que não estão no governo opõem-se a iniciativas deste apenas e só porque têm de ser contra alguma coisa. Isto passa-se tanto a nível do governo como das autarquias.
Dá a ideia de que quem perde uma eleição, veste a camisola do contra para a todo o custo, derrubar quem o venceu. E quanto mais se aproxima do final do mandato, pior. E depois é uma vergonha perceber, como está a acontecer neste momento no nosso país, que a menos de um mês das eleições que hão-de definir (em principio) quem e em que direcção durante os próximos 4 anos nos irá orientar, é que se apresentam programas de governo e se discute as grandes questões para o país como se as decisões que daqui sairão fossem melhores do que um debate de ideias sério e prolongado de forma a incorporar o melhor contributo que cada um poderia dar para dali resultar o melhor para o país.
É num mês e numa cobertura massiva das televisões a arruadas e comícios, em desdobramentos em entrevistas e em debates a dois ou a três ou a cinco, que os grandes temas são discutidos? Mesmo o modelo da Assembleia da República, para questões tão importantes como o TGV, o Aeroporto, a Estratégia Económica, a Segurança Social, a Saúde ou a Educação, será o mais adequado? Ver deputados a falar de coisas que muitas vezes desconhecem em pleno e de repente aparecem a fazer um número político porque alguém lhes disse que aquele seria um bom tema? Pessoas que quando abordam um tema, passam mais de metade do tempo a "farpear" o vizinho do lado em vez de se centrar no que é importante? Ataques baixos em termos políticos e pessoais?
Por estas razões, hoje a política não é mais uma actividade nobre mas antes pobre. Pobre, não nos bolsos, mas antes na ideologia e no exercício.
Por estas razões, existe em Portugal OPOSIÇÃO em vez de CONSTRUÇÃO (bem... a cívil não falta).
Bem sei que custa muito aos "opositores" e muitos "governantes" perceber isto. Perguntar-me-ão: "Como é possível chegar ao poder sem fazer oposição"?
Eu respondo: fazendo melhor do que quem está no poder. Levantando as questões certas e mostrando o caminho a quem tem, no momento, o poder para executar ou decidir. Estando nos momentos cruciais das decisões e adoptando uma postura construtiva. Deixando que o que de melhor se tem venha ao de cima e seja colocado ao serviço das populações. Porque quem não está no poder, não deixa de ter uma grande responsabilidade, tenha ou não sido eleito.
No tempo certo, o carácter e a personalidade de quem adopta esta postura evidenciar-se-á e há-de levá-lo ao rumo que deseja. Cada vez menos 0 "ser do contra apenas porque se tem de ser" trará vitórias ou conquistas.
Abaixo a OPOSIÇÃO!
Bom... jugo ter percebido o teu ponto de vista, o qual partilho em parte: há de facto "oposições" que nascem para ser apenas isso e cuja virtude é a de alertar para situações que por vezes passam "em branco" para quem governa (seja qual for a razão).
ResponderEliminarMas há igualmente "oposições" cujo intuito é demonstrar o que diferente se poderia fazer e como: são duas coisas completamente distintas!
De qualquer dos modos, não nos podemos esquecer que quer governantes quer oposições são constituidos por cidadãos nacionais e assim, as suas ideias e acções são um espelho da própria maneira de pensar da população em geral.
O problema, parece-me estar, na maneira mesquinha e pouco conciliadora típica do povo português... e mais não vale a pena dizer!
Abraço
Por falar em numeros de posições já experimentaram a da taxa de juro????... é uma locura du catanus... ora baixa, ora sobe ora ninguém sabe quanto é, ora nos metem a mão no bolso... ora na berguilha...
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