"(...)Na resposta, Filomena Pinheiro questionou Ferreira sobre se os elementos do PSD conheciam as taxas de ocupação dos hotéis e residenciais do Luso. “Nós conhecemos!”, afirmou. “Há pessoas que têm de sair do concelho porque não há, em certas alturas, capacidade de acolhimento”, concluiu Filomena Pinheiro. A vice-presidente ainda foi instigada a revelar o referido valor da taxa de ocupação a que aludiu.(...)"
Parece-me que a vereadora deste pelouro, de facto, desconhece a realidade, o que é pena.
Tendo em linha de conta que o ano tem 365 dias (pelo menos era isso que tinha da última vez que tentei verificar o facto), e que este tipo de acontecimentos ocorrem uma ou duas vezes por ano, é no mínimo AMADOR a declaração da vereadora encarregue deste pelouro.
Infelizmente, basta para isso consultar os dados do INE e verificar-se-é que o concelho da Mealhada debita por ano um valor que tem rondado nos últimos anos as 80.000 dormidas para 883 unidade de alojamento (quartos).
Bom... e agora vamos a contas já que (supostamente) estou a dirigir-me a uma economista
883 unidades de alojamento x 365 dias = 322 295 dormidas
80.000 a dividir por 322.295 = 24.8% (taxa de ocupação do concelho da Mealhada sobre a qual o Luso concorre em 90 %)
Há ainda que verificar que do total de dormidas, 80 % ocorre de 15 de Junho a 15 de Setembro, pelo que a taxa de ocupação durante o resto do ano pode ser calculada da seguinte maneira:
0.2*80000= 16000 dormidas em baixa estação (275 dias)
883 unidades de alojamento x 275 dias = 242 825
16000 / 242 825 = 6,5% (taxa de ocupação em baixa estação)
e
0.8*80000 = 64000 dormidas em alta estação (90 dias)
883 unidades de alojamento x 90 dias = 79470
64000 / 79470 = 80 % (taxa de ocupação em alta estação)
CONCLUSÂO: Terá o mesmo impacto afectar as taxas de ocupação durante o Verão e durante o Inverno?... Bom, se não escrevi em chinês, parece-me que a resposta é óbvia, assim como me parece óbvio o impacto do fecho do balneário para obras durante o Verão e não durante o Inverno.
Aliás... se é raro a incapacidade de acolher hóspedes devido a eventos desenvolvidos neste concelho (como já referi), já o contrário, este concelho receber hóspedes de outros concelhos devido a eventos neles desenvolvidos, é algo relativamente comum e frequente, resultando em efeito (pelo menos) nulo o argumento apresentado em sede de Assembleia Municipal.
O Concelho da Mealhada e quem tem a responsabilidade sobre este assunto, continua a pautar-se, pelo menos no que concerne ao turismo, por um profundo amadorismo e desconhecimento da realidade, facilmente verificável fora do âmbito da retórica politica e com base em dados oficiais.
É óbvio que se vai refugiar no argumento de que as pessoas do Luso não gostam de si, ou que não gostam da Mealhada, ou que estão sempre a protestar... a vitimização não fica bem a ninguém. Se tem dados OFICIAIS e não retóricos que consigam rebater a tese que apresentei, faça o favor de responder à altura.
É o LUSO, que neste momento está em grandes dificuldades económicas em muito graças à falta de uma verdadeira estratégia turística. Remodelar avenidas e vielas decerto é uma ajuda, mas o caminho político, está mais do que demonstrado que tem sido (até ao momento) pelo menos... feito de POUCA vontade.
Touché...