Apesar de todos os esforços para que tal não tivesse de acontecer, os decisores da SAL-Maloclinics, tomaram a decisão de encerrar o balneário termal de Luso a partir de 1 de Julho. O encerramento deverá manter-se pelo menos até Outubro.
Nada havendo a dizer sobre a legitimidade desta decisão do ponto de vista estritamente da concessão, entristece-me que a sazonalidade do Luso e dos seus negócios não tenha sido tida em conta, parecendo mais do que clara, perante esta primeira decisão, qual será o principio de funcionamento desta nova empresa (de costas voltadas para o Luso) que passará a gerir os destinos do balneário durante os próximos 25 anos.
Num ano farto de eleições e calendários políticos, e apesar de acreditar nas palavras dos responsáveis da Sociedade da Água de Luso em como nada desta calendarização tem a ver com política, acho estranho, que o dono do imóvel (leia-se Câmara Municipal de Mealhada), não tenha pelo menos (publicamente) expressado a sua preocupação com o impacto que tal encerramento terá nos negócios complementares ao negócio termal.
Continua a não estar claro qual o tipo de clientela a que os novos serviços se dirigem, no entanto deixo aqui um conselho sincero aos meus caros conterrâneos, baseado naquilo que é estritamente a minha opinião pessoal e que, infelizmente se tem vindo a verificar como verdadeira:
1 - O perfil de cliente vai de facto mudar para uma clientela de segmento mádio-alto / alto - há que readaptar as ofertas a esta nova realidade o mais rapido possivel, mesmo em época de crise. Como em todas as situações, quem se readaptar mais rápido, encontrará um mercado por explorar e poderá colher os melhores frutos.
2 - há a necessidade de identificar novas ofertas turísticas, direccionadas ao mercado do segmento médio (seja ele entendido como juventude, classe média ou terceira idade). Não podemos ficar quietos e, muito menos face à agressividade e legitima ambição dos concelhos vizinhos. O não ficarmos quietos, não significa, como muita gente por vezes entende, que a Câmara ou a Junta, é que devem fazer. Significa antes, de uma vez por todas, por a iniciativa privada a funcionar. É tempo de começar a fazer em vez de passar a vida a exigir que outros façam!
3 - O trunfo "Bussaco", cujo perfil de gestão está prestes a mudar (independentemente da guerra política sobre o seu domínio que se avizinha), está quase 100% fora dos planos promocionais e de "produto" destino do local Luso (excluí propositadamente o termo "termas"). Há que começar a abordar a única marca com capacidade de divulgação internacional, com a importância que ela merece, e que todos temos necessidade, já que a marca "Luso" é quase desconhecida internacionalmente.
4 - Há a necessidade de alertar a próxima Câmara Municipal, já que esta está em final de mandato, da importância da criação de uma verdadeira estratégia económica para o Concelho, centrada nos produtos que de facto produzimos a preços e qualidade competitivos do ponto de vista nacional (leia-se leitão, alojamento turístico e turismo de natureza), já que, está mais do que verificado, deixamos definitivamente de contar com as termas de Luso como o motor económico da região.
OS TEMPOS SÃO DE MUDANÇA, MAS NÃO HÁ QUE TER MEDO DISSO!
(desta vez não termino com um "touché" já que faço parte do lote de gente que vai ter de repensar muito bem o seu actual perfil de negócio)