"No passado domingo, 8 de Novembro, a Avenida 25 de Abril, no centro da cidade da Mealhada, foi palco de um aparatoso acidente, entre uma camioneta e dois veículos ligeiros, que provocou vinte e quatro feridos e duas vítimas mortais. Não fosse a população ter sido avisada, atempadamente, de que se tratava de um simulacro, promovido pelos Bombeiros Voluntários da Mealhada, e todo o aparatoso cenário seria tomado como sendo mesmo real. O “teste” serviu, por exemplo, para as entidades intervenientes tomarem conhecimento de que, numa situação real, os feridos seriam encaminhados para os Hospitais da Universidade de Coimbra e não para o Hospital da Misericórdia da Mealhada (HMM) – que se encontra a duzentos metros do local do simulado acidente -, uma vez que esta unidade hospitalar não está referenciada pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).“Se tudo isto fosse real porque é que os feridos não podiam ser transportados para Hospital da Misericórdia da Mealhada, que está aqui mesmo ao lado?”, questionou Carlos Cabral, presidente da Câmara Municipal da Mealhada e o responsável máximo pela protecção civil municipal, que assistiu ao simulacro e que ainda afirmou: “Felizmente, isto é simulacro!”.Aloísio Leão, director clínico do HMM, também no local, mostrou-se indignado com a situação. “Já estávamos em reuniões há um mês a preparar este simulacro e na semana passada fui alertado para o facto de o Hospital da Mealhada não estar referenciado pelo INEM. No exacto momento, estabeleci contactos para que a situação fosse resolvida, antes da realização do simulacro, mas não nos foi dada essa autorização”, afirmou. “Durante esta semana vou estabelecer todos os contactos, de forma a estabelecer uma parceria com a Administração Regional de Saúde para que numa situação destas os feridos possam ser transportados para o Hospital da Mealhada”, garantiu ainda Aloísio Leão. Sobre este assunto, António Lousada, comandante dos Bombeiros Voluntários da Mealhada, apenas disse: “Os feridos não foram encaminhados para o Hospital da Misericórdia porque ainda faltam ser estabelecidas algumas formalidades para que isso seja possível. Os feridos foram encaminhados para o Centro de Saúde da Mealhada e para os Hospitais da Universidade de Coimbra”.Acidente serviu para testar os meios de respostaO simulacro consistia num acidente que envolveu um autocarro, que transportava escuteiros do Agrupamento da Mealhada para uma actividade, e duas viaturas ligeiras, provocando vinte e quatro feridos e duas vítimas mortais. As vítimas foram protagonizadas por vinte e cinco escuteiros, de várias idades do agrupamento da Mealhada. No socorro e desencarceramento das vítimas estiveram setenta e três elementos e vinte e três viaturas das corporações dos bombeiros voluntários da Mealhada, de Anadia, da Pampilhosa, de Oliveira do Bairro, de Águeda, de Mortágua e de Cantanhede, e ainda três Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER), uma Viatura de Intervenção e Catástrofe e um Posto Médico Avançado. No local, a coordenação foi feita pela Protecção Civil Municipal e houve ainda o apoio e a colaboração da Transdev e da Auto IC2, para além do dos escuteiros, naturalmente. O trabalho de resgate dos feridos durou mais de duas horas.“Os objectivos pretendidos foram atingidos. A coordenação entre os bombeiros e o INEM decorreu dentro da normalidade”, garantiu António Lousada, que ainda falou da importância dos simulacros: “Não estamos livres de ser confrontados com um acidente deste género e temos que saber dar uma resposta o mais rápido possível. Julgamos que a melhor forma de testar tudo isto é realizando simulacros”.Também Carlos Cabral declarou: “Cheguei antes de o ‘acidente’ decorrer e pareceu-me que a resposta dada por todas estas entidades foi bastante coordenada e os objectivos atingidos”. “Acho que este exercício foi muito bom em diversos aspectos. Houve muita disciplina e coordenação e a chegada de todos os meios intervenientes foi bastante rápida. Gostei muito de assistir a este simulacro”.“Balanço do trabalho realizado foi muito positivo”, afirmou António LousadaNo final do simulacro, os Bombeiros Voluntários da Mealhada fizeram um “briefing”, no quartel, onde se reuniram todos os intervinientes e recolhidas informações e pareceres, negativos e positivos desta acção. “Nesta parte todas as entidades falaram um pouco do trabalho efectuado e, de uma maneira geral, o balanço do trabalho realizado foi muito positivo”, afirmou António Lousada.O comandante dos Bombeiros da Mealhada ainda garantiu: “Da nossa parte ficámos bastante agradados pois tirámos bastantes ilações com o exercício desta envergadura. Foi importante, também, saber a avaliação dos outros intervenientes como o INEM ou as vitimas".“Quero deixar uma palavra de apreço a todas as entidades intervenientes, a todos os bombeiros e todas as pessoas que de alguma maneira, directa ou indirectamente, ajudaram a que este simulacro fosse possível. Também aproveito para pedir desculpa do transtorno causado pelo encerramento da Avenida 25 de Abril aos moradores”.
IN Jornal Mealhada
Ficam as perguntas:
Feridos não puderam ser assistidos no Hospital da Misericórdia da Mealhada, neste caso as burocracias eram importantes?
O porque de a Cruz Vermelha do Concelho da Mealhada não ter participado no evento, penso que pertence a proteçao civil?
Será que os Bombeiros da Mealhada mostram-se capazes de responder a situação complexa como esta?
Gostaria de ter a vossa opinião sobre este tema.