Mau tempo e muita idade....
(...)Na Mata Nacional do Buçaco, no interior da cerca, também caiu uma árvore, um cedro do Buçaco de grande porte. A queda terá ocorrido na madrugada de sexta-feira para sábado, na Avenida dos Cedros – entre o Convento e as Portas de Coimbra. A árvore caiu em cima de uma fonte-capela mas não danificou a edificação.(...)
in JM
Além do tempo e das condições atmosféricas, há um problema com o qual teremos todos de lidar num futuro próximo mas que muitos fazem de propósito para ignorar (ou dá-lhes jeito):
MUITAS DAS ESPÉCIES DE ÁRVORES PLANTADAS NO SEC XVII JÁ ATINGIRAM A SUA ESPERANÇA DE VIDA, sendo de esperar que lhes aconteça o "óbvio" num horizonte temporal relativamente curto. A juntar a este problema, temos ainda o factor de que, mesmo que caia uma árvore, e devido às condições de luminosidade junto ao solo, ser difícil a colocação de uma nova árvore da mesma espécie no mesmo local.
Julgo que, a haver alguma solução para este problema, ele passará necessariamente pelo "desmantelamento" e replantação faseada de toda a mata dentro da cerca e (porque não) o aumento da colecção dendrológica em terrenos públicos fora da cerca, aumentando e melhorando a obra dos monges e tornando o Luso parte integrante da mata... a questão é saber quem é que "os" tem no sítio, para afastar os Velhos do Restelo e assumir os custos políticos e de popularidade, que tal tipo de medidas implica....
Touché...
3 comentários:
É um facto que no inverno, na conjugação da elevada humidade do solo com o vento muitas árvores se arrancam. É também um facto que este fenomeno não é novo, repetindo-se todos os anos e contra a acção da natureza nada se pode fazer. Quem já não houviu falar do ciclone de meados do seculo passado que arrancou centenas de arvores de todas as espécies. Bem, foi a acção antropica, através da plantação dessas mesmas espécies, que de novo repovoou a Mata. Nesse tempo procedia-se à recolha das sementes, à sua sementeira e à selecção dos melhores exemplares para essa dita reflorestação. Era um trabalho feito por pessoas que de facto percebiam do assunto. Infelizmente tudo isso acabou. Agora que uma nova entidade foi criada para a gestão deste espaço o que se espera é que inicie as suas funções rodeando-se de pessoas que efectivamente percebam e dominem as diferentes áreas sob o seu dominio como o patrimonio construido, flora, fauna, turismo, etc,etc.
E nestas areas não faltam pessoas e empresas competentissimas no concelho,técnicamente preparadas, com muitas provas dadas, concerteza prontas para darem o seu contributo. Suplico a quem tem o poder de tomar decisões que em vez de ceder à pressão da cunha, colocando amigos e familiares do poder político em funções, se rodeie de facto daqueles que realmente tem competência. O Buçaco agradece.
Amigo D'artagnan, ainda posso acrescentar o enorme pinheiro manso que partiu a meio do tronco e cuja copa caiu sobre a lateral da avenida do convento, abrindo uma enorme clareira. Em Setembro de 2009 alertei a Autoridade Florestal Nacional para esta enorme árvore completamente seca e em risco iminente de queda no sentido de procederem ao seu desmantelamento e assim minorar os problemas que a queda pelo seu todo de uma árvore deste porte comporta.
Foi-me dito que iriam resolver o assunto. Mas logo desconfiei pois tinha entrado em funções a nova Fundação e percebi as movimentações de alheamento do problema à espera que quem venha no fim que feche a porta.
Afinal, como dizes, o problema que colocas não é novo. A Mata é bela, majestosa, mas velha. Digo à muito tempo que tiro o chapéu ao primeiro que me apareça à frente e me identifique como principal problema do Bussaco, não a falta de dinheiro, não o vandalismo, a falta de percursos ou de estruturas de apoio ao visitante mas sim a degradação fitosanitária da maior parte do arvoredo.
Contudo, não partilho da tua opinião quanto ao método. É perfeitamente possível, nas condições actuais da Mata, proceder a uma renovação sem abates por lotes e replantando as espécies que vão caindo (e outras). A Mata do Bussaco é constituída, maioritariamente por resinosas que se caracterizam por ser espécies pouco exigentes em luz e extremamente bem adaptadas a ambiente de sub-bosque quando em desenvolvimento. Com excepção das espécies de pinheiros, outras resinosas, a maior parte coníferas como pseudotsugas, abetos, piceas, cedros, ciprestes, tuyas, chamaecyparis, e muitas folhosas como o caso dos freixos, áceres, ginkgo bilobas, loureiros, castanheiros, carvalhos ou nogueiras, estão perfeitamente adaptadas a ambientes sombrios, com muita humidade e solos ricos em matéria orgânica pelo que podem ser plantados sem qualquer problema nas condições actuais desde que não sejam árvores demasiado pequenas.
A abertura de áreas para plantação é um erro enorme se não houver uma boa e grande equipa de pessoas para proceder à manutenção regular das plantações, eliminando as infestantes e invasoras. Por outro lado as actuais condições de humidade e temperatura regulares seriam comprometidas o que poderia afectar, não apenas as novas plantações como o povoamento já existente.
Devemos aproveitar ao máximo o equilíbrio que a Mata oferece, tudo fazendo para interferir o menos possível com o mesmo em qualquer acção sobre o espaço.
Dizer ainda que é uma pena passar semana após semana nos vários caminhos e verificar que há cada vez mais árvores caídas sobre os mesmos e no interior do bosque. Material lenhososo que deveria ser retirado, não apenas como forma de desobstrução da circulação das pessoas mas também para eliminar material combustível seco ao nível do solo.
A edição on-line do Jornal da Mealhada anunciava para o dia 23 de Fevereiro,no Convento, uma conferência de imprensa da Fundação Mata do Buçaco. Será que serviu apenas para a apresentação publica da sua imagem institucional, ou mais alguma coisa foi tratada?
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