quarta-feira, 2 de setembro de 2009

É tudo uma questão de (O)POSIÇÃO.

Em 2009 o povo é chamado a votar 3 vezes. Europeias, Legislativas e Autárquicas. Tenho ouvido várias pessoas a apelar ao absentismo, isto é, à não comparência à chamada. Confesso que me faz alguma impressão uma vez que nos é dada como um direito, a oportunidade de manifestarmos a nossa opinião na escolha de quem entendemos que é melhor para governar, independentemente da esfera de poder em causa.

Sempre defendi que se alguém não concorda com as propostas que se apresentam ao sufrágio, deve optar pelo voto em branco. Contudo, o argumento de um amigo que dizia "eu queria ver se lá não fosse ninguém, como é que eles se desenrascavam...", ficou-me cá a ressoar.

Em primeiro lugar porque, se tal acontecesse, seria um desastre político mas, sobretudo, social. Mas em segundo lugar, retive o "eles". Infelizmente a maioria dos Portugueses continua (ou está cada vez mais) a associar a política a algo que não lhes interessa e não querem saber. Conota-se com jogos de poder, o poder pelo poder, para organizar a sua vidinha (Medina Carreira... imperdível!) e com falcatruas, ilegalidades e falta de moralidade. E têm razão! Em Portugal é isto que acontece em muitos casos.

Por outro lado, a vida partidária deste país está carregada de omissões das coisas mais importantes, que deveriam ser discutidas edebatidas, mas nunca o são. Temos uma situação ridícula de quem não se encontra no poder estar, então, na chamada OPOSIÇÃO.

A definição que o dicionário apresenta para esta palavra, não poderia ser mais sintomática do erro que é assumir que quem não está no governo, se encontra na oposição:

oposição
s. f.
1. Acto!Ato ou efeito de opor ou de opor-se.
2. Impedimento.
3. Incompatibilidade.
4. Resistência.
5. Conjunto de partidos que combatem um governo.
6. Concurso (a um lugar ou emprego).

O próprio dicionário, para além de todosos outros sinónimos, afirma que "oposição é também um conjunto de partidos que combatem um governo".

Então, afinal andamos aqui todos a fazer papel de parvos. Elegemos um partido para depois o combatermos?

Será que quem está nas outras bancadas não tem também poder? Afinal, os eleitos que não estão no governo, não receberam do seu povo o voto de confiança? Será que não têm um papel a desempenhar na cooperação construtiva com o governo e na discussão das matérias importantes para o desenvolvimento económico e social de um país e de um povo?

Claro que não estou aqui a defender este ou aquele governo, partido ou o que seja. Interrogo-me apenas se o termo OPOSIÇÃO não deveria ser banido do léxico político. É que na maioria dos casos partidos que não estão no governo opõem-se a iniciativas deste apenas e só porque têm de ser contra alguma coisa. Isto passa-se tanto a nível do governo como das autarquias.

Dá a ideia de que quem perde uma eleição, veste a camisola do contra para a todo o custo, derrubar quem o venceu. E quanto mais se aproxima do final do mandato, pior. E depois é uma vergonha perceber, como está a acontecer neste momento no nosso país, que a menos de um mês das eleições que hão-de definir (em principio) quem e em que direcção durante os próximos 4 anos nos irá orientar, é que se apresentam programas de governo e se discute as grandes questões para o país como se as decisões que daqui sairão fossem melhores do que um debate de ideias sério e prolongado de forma a incorporar o melhor contributo que cada um poderia dar para dali resultar o melhor para o país.

É num mês e numa cobertura massiva das televisões a arruadas e comícios, em desdobramentos em entrevistas e em debates a dois ou a três ou a cinco, que os grandes temas são discutidos? Mesmo o modelo da Assembleia da República, para questões tão importantes como o TGV, o Aeroporto, a Estratégia Económica, a Segurança Social, a Saúde ou a Educação, será o mais adequado? Ver deputados a falar de coisas que muitas vezes desconhecem em pleno e de repente aparecem a fazer um número político porque alguém lhes disse que aquele seria um bom tema? Pessoas que quando abordam um tema, passam mais de metade do tempo a "farpear" o vizinho do lado em vez de se centrar no que é importante? Ataques baixos em termos políticos e pessoais?

Por estas razões, hoje a política não é mais uma actividade nobre mas antes pobre. Pobre, não nos bolsos, mas antes na ideologia e no exercício.

Por estas razões, existe em Portugal OPOSIÇÃO em vez de CONSTRUÇÃO (bem... a cívil não falta).

Bem sei que custa muito aos "opositores" e muitos "governantes" perceber isto. Perguntar-me-ão: "Como é possível chegar ao poder sem fazer oposição"?

Eu respondo: fazendo melhor do que quem está no poder. Levantando as questões certas e mostrando o caminho a quem tem, no momento, o poder para executar ou decidir. Estando nos momentos cruciais das decisões e adoptando uma postura construtiva. Deixando que o que de melhor se tem venha ao de cima e seja colocado ao serviço das populações. Porque quem não está no poder, não deixa de ter uma grande responsabilidade, tenha ou não sido eleito.

No tempo certo, o carácter e a personalidade de quem adopta esta postura evidenciar-se-á e há-de levá-lo ao rumo que deseja. Cada vez menos 0 "ser do contra apenas porque se tem de ser" trará vitórias ou conquistas.

Abaixo a OPOSIÇÃO!

2 comentários:

D'artagnan disse...

Bom... jugo ter percebido o teu ponto de vista, o qual partilho em parte: há de facto "oposições" que nascem para ser apenas isso e cuja virtude é a de alertar para situações que por vezes passam "em branco" para quem governa (seja qual for a razão).

Mas há igualmente "oposições" cujo intuito é demonstrar o que diferente se poderia fazer e como: são duas coisas completamente distintas!

De qualquer dos modos, não nos podemos esquecer que quer governantes quer oposições são constituidos por cidadãos nacionais e assim, as suas ideias e acções são um espelho da própria maneira de pensar da população em geral.

O problema, parece-me estar, na maneira mesquinha e pouco conciliadora típica do povo português... e mais não vale a pena dizer!

Abraço

El Tonel disse...

Por falar em numeros de posições já experimentaram a da taxa de juro????... é uma locura du catanus... ora baixa, ora sobe ora ninguém sabe quanto é, ora nos metem a mão no bolso... ora na berguilha...