sábado, 12 de julho de 2008

Férias em tempo de crise




Para a maioria de nós, começam a surgir ideias para uns merecidos dias de descanso. Em casa, nas conversas de café e no seio da vizinhança, o tema é sempre o mesmo...É tempo de férias!
Não importa se a gasolina vai aumentar mais uma vez!...Como férias são uma necessidade; a pé, de bicicleta ou de burro, o comum dos portugueses socorre-se do que tiver disponível, para sentir o odor do nosso mar salgado, a brisa que balanceia os nossos pinheiros ou o gosto da genuína e saborosa gastronomia portuguesa.
É tempo de suspender as preocupações! Afinal, ninguém consegue discernir objectivamente sobre os problemas que nos afectam, se não recuperar, nem que seja por alguns dias, a paz e o equilíbrio necessários à reflexão. E, as férias, são para isso mesmo.
Para os defensores de Férias por cá , um conselho: não se deixem impressionar pelos carros topo de gama, que circulam nas nossas avenidas, nem pela lotação esgotada dos restaurantes da Mealhada
A crise que afecta todo o mundo Ocidental e nomeadamente Portugal, não é igual para todos e, mesmo que fosse, a sociedade portuguesa já (antes da crise)... estava em “crise”!
Convenceram-nos de que poderiamos fazer uma vida de ricos sem o sermos, que poderiamos adquirir hábitos de consumo que não podíamos, e agora, bem.....agora, para manter o nível social julgado adquirido e não passar por “vergonhas” junto do “jet-set” dos amigos e vizinhos, há que manter as aparências.
Trocar de carro por um melhor e num curto espaço de tempo, é essencial!
Ir de férias e não trazer “Recuerdos” da região, para provar aos amigos que estivemos lá, é regra que não se pode prescindir!
Deixar de frequentar o restaurante do “Pedro dos Leitões”, o “Rocha” ou o “Tipico”, é absurdo!
E assim vão “chovendo” cheques “carecas”, penhoras, endividamento de muitos milhares de famílias, crédito mal parado, etc,...etc.
Se é verdade que há sinais de uma pobreza cescente, não deixa de ser verdade que, o maior flagelo da nossa actual sociedade, é a pobreza incoberta.
Mas não se incomodem muito com estas realidades. Afinal vamos de férias e é tempo de descanso.

2 comentários:

D'artagnan disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
D'artagnan disse...

Pois é, meu caro... é isso mesmo. Durante os últimos anos, a sociedade portuguesa cresceu no facilitismo dos fundos estruturais, e agora, que se verifica que os mesmos fundos foram em grande parte atribuidos ao consumo e não ao investimento, começamos a verificar uma triste realidade: há gente a passar grandes dificuldades (na maioria das vezes por incapacidade de dizer "não" e por não conseguir viver descansado se não tiver um "carro" pelo menos tão bom como o do vizinho).

A meu ver, ainda não chegamos ao fundo do poço.