quarta-feira, 16 de julho de 2008

MFL: um passo à frente, dois atrás...

Se o casamento visa a família e a família procriação onde é que ficam os casais heterossexuais que não se reproduzem, os que são estéreis e a adopção?
Se não se trata de homofobia, será que MFL pensa como os grandes gregos clássicos (casamento para procriar, amor apenas entre homens) ou não consegue compreender o processo de secularização, que distingue o âmbito da religião do do Estado?
(Pergunta extra existencial minha: a Igreja é contra a não procriação ou, herdeira, também, do platonismo, da culpa judaica e da Gnose, apenas contra o princípio do prazer (carnal)?)
Na esperança que ajude a reflectir, um belíssimo video:

9 comentários:

Selas disse...

lindo...mais uma vez é do gosto pessoal de cada um...

D'artagnan disse...

Quanto a igreja não sei... mas lá que f#### é bom, é.

Gaius Germanicus disse...

Welcome back!
Convenhamos que MFL não foi muito feliz na sua intervenção, mas tenhamos em conta que terá sido educada de forma espartana, o que, de per si, nos leva a contemporizar esta visão um pouco deturpada.
Mas, se bem me recordo - e aqui não vejo qualquer melindre - a dita nada tem contra as uniões/relações homossexuais. Apenas lhe causa alguma urticária que se chame "casamento" quando pode muito bem ser outra coisa qualquer.

Ave Caesar

lua-de-mel-lua-de-fel disse...

Se as coisas fossem assim tão lineares não veria qualquer problema, Gaius. Contudo, a verdade é que MFL não tem apenas o estatuto de cidadã mas de líder do maior partido da oposição e potencial futura primeira-ministra. A verdade, ainda, é que, indo contra a Constituição, ao discriminar não apenas o casamento (que não é necessariamente o religioso, podendo ser, como sabemos, apenas civil) mas as regalias fiscais decorrente deste, está a misturar os seus valores morais/religiosos com os do Estado. Para não falar da questão da procriação, que não faz sentido algum.
Mas como a MFL é tudo menos burra, não sei se o que disse foi assim tão de impulso. De facto, grande parte da população ainda pensa assim e vai demorar alguns anos até que exista uma mudança de mentalidades. Além de que em época de crise, em que existe algum desnorte axiológico, a tendência dos sistemas sociais e políticos é para o conservadorismo, de molde a proteger o próprio sistema. Não terá sido, por isso, ingenuidade de MFL, o que torna a coisa, para mim, ainda mais lamentável porque, ainda que não pense que os políticos devam ser os nossos gurus (estávamos lixados), têm a obrigação que promover os valores democráticos e a elucidação do povo, onde se inclui a não discriminação pela raça, género, religião, opção sexual, etc..

D'artagnan disse...

Uma vez que "todos" somos frutos da nossa educação e que normalmente (enquanto espécimenes animais), somos educados por um Macho e uma Fêmea (a quem carinhosamente chamamos "Pai" e "Mãe"), criando a partir dessa educação uma determinada maneira de abordar a realidade, que nos permite relacionar com os outros seres humanos numa amálgama a que chamamos "Sociedade", tenho (de facto) dúvidas sobre qual o paradigma de relacionamento humano, de uma criança criada por um casal de pessoas do mesmo sexo.

Por outro lado, não acho justo privar-se seja quem for da possibilidade de ter um filho, independentemente da sua orientação sexual.

Resumindo, a decisão e a abordagem do problema depende em quem centramos a temática:
- Na criança?
- Na Sociedade?
- No Casal?

A escolha nunca será pacífica...

Ana Sampaio disse...

E quantas não são as pessoas que são criadas por casais heterossexuais que se tornam homossexuais!?
Isso não tem nada a ver, uma vez que até nos animais ditos irracionais, acontece esse fenómeno.
É uma questão de genes e não de educação.

D'artagnan disse...

Sinceramente, não acredito na predisposição genética para esse tipo de coisas.

Considero que cada ser humano é um "livro em branco" quando nasce.

Não me parece que a homossexualidade seja uma questão genética e assim passível de ser equiparada a uma doença que possa ser tratada pela engenharia genética.

Selas disse...

só mesmo um homem (macho)irracional poderia trocar uma mulher por uma dor no rabo....

lua-de-mel-lua-de-fel disse...

d'Artagnan, obviamente todos somos filhos, biologicamente falando, de um 'macho' e de uma 'fêmea'. A educação de cada um de nós já não é assim tão linear. Seria interessante fazer uma análise histórica e social do cruzamento entre o género e a educação dada às crianças, mas não reside aí o âmago desta questão. Se bem entendi, o que quer dizer é que a família tradicional é composta por um pai (o ex-chefe de família), uma mãe e os rebentos. Esta, contudo, é uma imagem tradicional e não necessariamente normal (regular), chamando a sua atenção para as numerosas famílias monoparentais que existem amiúde, sem que se tenham filhos anormais. Além disso, lendo nas entrelinhas do seu comentário, parece-me que se podia dizer, aceitando a sua premissa, que filhos de homossexuais, homessexuais serão o que levanta um problema metodológico básica: os homossexuais são filhos e filhas de heterossexuais.
A homossexualidade sempre existiu, em todos os tempos, em todas as sociedades. Tentar saber se tem uma origem genética ou educacional não é para mim uma questão pertinente, parecendo sempre que estamos à procura de uma explicação para algo que é anormal, simplesmente porque não cumpre a lei natural da reprodução biológica. É interessante dizer que o ser humano é diferente do animal (pelo intelecto, pela capacidade de transcendência, pela arte, pela religião, etc. etc.)e depois insistir que a homossexualidade é anti-natura. Bem, tudo o que é humano é anti-natura, e ainda bem, de outro modo a nossa espécie não tinha qualquer hipótese.
Mas o meu problema continua a ser o facto de MFL ter dito o que disse, ocupando o cargo que ocupa e poderá vir a ocupar.