MFL: um passo à frente, dois atrás...
Se o casamento visa a família e a família procriação onde é que ficam os casais heterossexuais que não se reproduzem, os que são estéreis e a adopção?
Se não se trata de homofobia, será que MFL pensa como os grandes gregos clássicos (casamento para procriar, amor apenas entre homens) ou não consegue compreender o processo de secularização, que distingue o âmbito da religião do do Estado?
(Pergunta extra existencial minha: a Igreja é contra a não procriação ou, herdeira, também, do platonismo, da culpa judaica e da Gnose, apenas contra o princípio do prazer (carnal)?)
Na esperança que ajude a reflectir, um belíssimo video:
9 comentários:
lindo...mais uma vez é do gosto pessoal de cada um...
Quanto a igreja não sei... mas lá que f#### é bom, é.
Welcome back!
Convenhamos que MFL não foi muito feliz na sua intervenção, mas tenhamos em conta que terá sido educada de forma espartana, o que, de per si, nos leva a contemporizar esta visão um pouco deturpada.
Mas, se bem me recordo - e aqui não vejo qualquer melindre - a dita nada tem contra as uniões/relações homossexuais. Apenas lhe causa alguma urticária que se chame "casamento" quando pode muito bem ser outra coisa qualquer.
Ave Caesar
Se as coisas fossem assim tão lineares não veria qualquer problema, Gaius. Contudo, a verdade é que MFL não tem apenas o estatuto de cidadã mas de líder do maior partido da oposição e potencial futura primeira-ministra. A verdade, ainda, é que, indo contra a Constituição, ao discriminar não apenas o casamento (que não é necessariamente o religioso, podendo ser, como sabemos, apenas civil) mas as regalias fiscais decorrente deste, está a misturar os seus valores morais/religiosos com os do Estado. Para não falar da questão da procriação, que não faz sentido algum.
Mas como a MFL é tudo menos burra, não sei se o que disse foi assim tão de impulso. De facto, grande parte da população ainda pensa assim e vai demorar alguns anos até que exista uma mudança de mentalidades. Além de que em época de crise, em que existe algum desnorte axiológico, a tendência dos sistemas sociais e políticos é para o conservadorismo, de molde a proteger o próprio sistema. Não terá sido, por isso, ingenuidade de MFL, o que torna a coisa, para mim, ainda mais lamentável porque, ainda que não pense que os políticos devam ser os nossos gurus (estávamos lixados), têm a obrigação que promover os valores democráticos e a elucidação do povo, onde se inclui a não discriminação pela raça, género, religião, opção sexual, etc..
Uma vez que "todos" somos frutos da nossa educação e que normalmente (enquanto espécimenes animais), somos educados por um Macho e uma Fêmea (a quem carinhosamente chamamos "Pai" e "Mãe"), criando a partir dessa educação uma determinada maneira de abordar a realidade, que nos permite relacionar com os outros seres humanos numa amálgama a que chamamos "Sociedade", tenho (de facto) dúvidas sobre qual o paradigma de relacionamento humano, de uma criança criada por um casal de pessoas do mesmo sexo.
Por outro lado, não acho justo privar-se seja quem for da possibilidade de ter um filho, independentemente da sua orientação sexual.
Resumindo, a decisão e a abordagem do problema depende em quem centramos a temática:
- Na criança?
- Na Sociedade?
- No Casal?
A escolha nunca será pacífica...
E quantas não são as pessoas que são criadas por casais heterossexuais que se tornam homossexuais!?
Isso não tem nada a ver, uma vez que até nos animais ditos irracionais, acontece esse fenómeno.
É uma questão de genes e não de educação.
Sinceramente, não acredito na predisposição genética para esse tipo de coisas.
Considero que cada ser humano é um "livro em branco" quando nasce.
Não me parece que a homossexualidade seja uma questão genética e assim passível de ser equiparada a uma doença que possa ser tratada pela engenharia genética.
só mesmo um homem (macho)irracional poderia trocar uma mulher por uma dor no rabo....
d'Artagnan, obviamente todos somos filhos, biologicamente falando, de um 'macho' e de uma 'fêmea'. A educação de cada um de nós já não é assim tão linear. Seria interessante fazer uma análise histórica e social do cruzamento entre o género e a educação dada às crianças, mas não reside aí o âmago desta questão. Se bem entendi, o que quer dizer é que a família tradicional é composta por um pai (o ex-chefe de família), uma mãe e os rebentos. Esta, contudo, é uma imagem tradicional e não necessariamente normal (regular), chamando a sua atenção para as numerosas famílias monoparentais que existem amiúde, sem que se tenham filhos anormais. Além disso, lendo nas entrelinhas do seu comentário, parece-me que se podia dizer, aceitando a sua premissa, que filhos de homossexuais, homessexuais serão o que levanta um problema metodológico básica: os homossexuais são filhos e filhas de heterossexuais.
A homossexualidade sempre existiu, em todos os tempos, em todas as sociedades. Tentar saber se tem uma origem genética ou educacional não é para mim uma questão pertinente, parecendo sempre que estamos à procura de uma explicação para algo que é anormal, simplesmente porque não cumpre a lei natural da reprodução biológica. É interessante dizer que o ser humano é diferente do animal (pelo intelecto, pela capacidade de transcendência, pela arte, pela religião, etc. etc.)e depois insistir que a homossexualidade é anti-natura. Bem, tudo o que é humano é anti-natura, e ainda bem, de outro modo a nossa espécie não tinha qualquer hipótese.
Mas o meu problema continua a ser o facto de MFL ter dito o que disse, ocupando o cargo que ocupa e poderá vir a ocupar.
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