quinta-feira, 4 de outubro de 2007

-Vou dizer ao juiz...

Quando andava na primária – que agora, para o sublinhar das minhas rugas, já se chama primeiro ciclo básico – os professores diziam-nos que fazer queixinhas era muito feio, ladainha que os meus pais me repetiam. Levando isto muito a sério, como se o esquecer deste princípio fizesse Deus zangar-se comigo e lançar sobre mim toda a espécie de pragas (embora, na época, ainda não tivesse pegado numa Bíblia), deixei de fazer queixinhas e a resolver as coisas à minha maneira, levando a que os outros fizessem queixinhas de mim. Disperso-me em nostalgias. Onde queria chegar era à minha puberdade, quando comecei a ter uma irritação especial com toda a espécie de queixinhas e, acto contínuo, lambe-botas e pessoas com queda para a vitimização. Achava, ainda, na altura, que ser adulto não era propriamente trabalhar e poder ficar acordado até muito tarde, mas sinónimo de deixar de ser queixinhas. Estava, como em quase tudo, enganada.
Sem querer saber das razões, com certeza bem justificadas em qualquer um dos intervenientes, começa a assustar-me pensar que não haverá muitas diferenças entre homens feitos e os meus pueris colegas queixinhas, mudando apenas o receptor: não mais os professores ou os pais, mas os juízes.
Os duelos medievais pela honra tinham mais dignidade...
- Queixinhas!

2 comentários:

D'artagnan disse...

Estás a fazer queixa de alguém?


:-))))))))))

lua-de-mel-lua-de-fel disse...

ehheheh