terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Acácias: Uma praga com fim à vista?




Depois da infestação generalizada da "nossa" Serra do Buçaco por Acácias Mimosas, uma árvore que parece quase indestrutível, alguns cortes e desbastes foram feitos de modo a tentar minorar os estragos que esta infestante tem sobre outras espécies. Mas, como toda a gente sabe, as Acácias possuem a teimosa característica de voltar a rebentar com relativa facilidade a partir das raízes deixadas no solo.

Ora bem, isto faz com que continuem o seu lento (mas eficaz) trabalho de infestar toda a Serra - Darwin chamaria a isto "evolução" e/ou "selecção natural dos mais fortes".

Então não existe solução?... Bom, a julgar pela sabedoria popular, parece que há solução: dá é trabalho e é preciso permitir que as coisas decorram ao ritmo da Natureza.

Segundo quem sabe (o que não é o meu caso) as árvores estabelecem um sistema de circulação em dois sentidos, canalizando nutrientes e água a partir das raízes até às folhas e canalizando no sentido contrário os produtos resultantes da fotossíntese.

O que é interessante é que isto é feito por partes distintas do tronco, o que garante que os fluidos em circulação não se bloqueiam mutuamente.

Ora, quando se corta uma árvore junto ao solo, mas deixamos ficar o "toco" junto com as raízes, é iníciado um processo parecido com uma "poda radical" o que faz com que rápidamente começem a surgir novos troncos alimentados pelas raízes ainda em funcionamento.

Assim sendo, há que garantir que não há um corte total da árvore tipo "poda radical": Como?

Segundo a sabedoria popular (?) há que cortar um anel de toda a casca viva exterior do tronco, com uma altura igual ou superior ao diâmetro da árvore que se pretende secar, impedindo assim que os produtos da fotossintesse cheguem às raízes mas não impedindo o fluxo de nutrientes que sai das raízes e circula pelo centro do tronco.

Resultado, as raízes morrem e com elas, a árvore.

Pode parecer ( e até ser ) um mito urbano, mas se calhar valia a pena fazer algumas experiências no sentido de ver até que ponto, este tipo de métodos (baratos) podem contribuir para limpar definitivamente as infestantes.

Divirtam-se... A Primavera está aí a chegar....

7 comentários:

BURRIQUEIRO disse...

UMA DAS MANEIRAS DE LIMPAR A MATA ERA CORTAREM TODO O TIPO DE LENHA QUE HOUVESSE E DAREM OU ATE MESMO VENDER A UM PREÇO SIGNIFICATIVO.
ESSE MESMO VALOR PODERIA SER APLICADO NA LIMPEZA DAS RAMAGENS QUE IRIA FICAR. PODERIA SER UMA SOLUÇAO.

Pedro Costa disse...

O aforismo é velho como o mundo: quem sabe não manda e quem manda não sabe.

pirandello disse...

Sabia que a acácia na Serra do Buçaco teve origem antropica? E com fins bem definidos?

Pearl-Harbor disse...

Na serra do buçaco e em todas as serras do país. Mas sobretudo no litoral.
A acácia fopi introduzida como povoadora de lugares onde poucas coisas cresciam ou o que crescia era muito lento e se tornava imperioso povoar. O resultado de introdução de espécies exóticas sem os devidos estudos prévios está à vista e a acácia é um bom exemplo dentro dos maus exemplos.

Pearl-Harbor disse...

Neste momento, por causa do famigerado nemátodo (importado dos Estados Unidos via porto de Sines e importações de madeiras), todo o planalto do Buçaco, compreendido entre a Portela de Oliveira e o acesso ao Ninho do Corvo, está marcado para abate. Entre a Portela de Oliveira e a mancha de pinheiro manso, sensivelmente a meio do percurso, ja foi tudo abatido, na vertente superior ao caminho. Corte raso. Ficam as acácias. Depois de retirados os pinheiros, ficará o maior acacial da região centro.

Problema: a acácia é uma invasora voraz e que podemos considerar pirófita, isto é, planta adaptada a incêndios regulares. Ou seja, desenvolveu estratégias que, perante um fogo, resultam num maior sucesso de povoamento após a passagem do mesmo.

Perigo: incêndios cada vez mais devastadores e com menor capacidade de serem travados pelos meios existentes.

Pergunta: Existe algum plano de gestão florestal do perímetro florestal do Buçaco? Após uma intervenção como a que está a ser levada a cabo sobre o pinheiro, o que está previsto em termos de plano de reflorestação, plano de controle e erradicação de invasoras e manutenção dos povoamentos ou plantações?

Infelizmente os centros de decisão sobre esta matéria afastam-se cada vez mais de nós e nem nos damos conta. Um dia destes vamos pagar tudo isto bem caro.

pirandello disse...

Meu caro Pearl, com a apropriação dos baldios pelo Estado, iniciou-se o seu povoamento. Na Serra do Buçaco esse povoamento efectuou-se acabando com a pastoricia, removendo o solo manualmente ou atrvés de animais que o lavravam para de seguida se fazer a sementeira do pinhão. Acontece que ao remover o solo ele ficou exposto à acção dos agentes erosivos em particular do vento e da chuva.
Foi então que se começou a utilizar a acácia no combate à erosão, como agente fixador do solo. À partida a ideia era interessante, o problema foi o seu impacto ao longo dos anos. Sem acácias o problema do repovoamento estaria salvaguardado. A seguir aos abates em curso teriamos a regenaração natural, só que enquanto o pinheiro nasce e cresce um pouco, a acácia já se tornou a espécie dominante.

Pearl-Harbor disse...

Tem a lição bem estudada, caro pirandello. É bom saber que há mais alguém que sabe o que diz quando abre a boca para falar da Serra do Buçaco ou da floresta. Modéstia à parte, claro.

Não tarda nada a Serra do Buçaco vai parecer um gigantesco pêssego careca.

Abraço.