Na sequência de anteriores posts e comentários, achei que deveria partilhar com os restantes lusenses o teor da conversa tida ontem, com o Sr. Alcides Branco, na Junta de Freguesia de Luso, na presença do Exmo. Sr. Homero Serra (presidente) e Exmo. Sr. Jorge Carvalho (Secretário).
Em primeiro lugar, gostaria de saudar a iniciativa da Junta de Freguesia, que tem mantido relações cordiais com a empresa em causa, e da qual a presença e abertura demonstradas pelo Sr. Alcides Branco, são sintomáticas.
Em segundo lugar, gostaria de fazer uma apreciação pessoal: o Sr. Alides Branco demonstrou ser uma pessoa calma, ponderada e com vontade de resolver o problema em causa. Por vezes, conversar é apenas uma maneira de ganhar tempo mas, pelo montante do investimento já feito pela empresa e pelo montante planeado, pareceu-me uma atitude genuína.
O Sr. Alcides Branco, demonstrou alguma surpresa quanto à existência deste e outros blogs, que têm transmitido uma imagem pouco abonatória da empresa e é claro que, pelo menos na minha opinião, que o Sr. Alcides Branco tem sido pressionado nos mais diversos vectores.
Transmiti-lhe as nossas preocupações em termos de actividades económicas e expliquei-lhe que o argumento "postos de trabalho" não é válido: os 38 postos de trabalho da empresa (dos quais apenas 4 são residentes no concelho da Mealhada) são parte de um "anão económico" se comparados com a quantidade de postos de trabalho que tem a actividade hoteleira-turística, que tem sido enormemente prejudicada pelos maus cheiros. Além disso, a empresa, tem a sua sede na Vila da Feira, pagando lá a sua derrama, razão pela qual, o argumento de importância económica local, também cai por terra.
O Sr. Alcides Branco, assegurou-me que os maus cheiros anormalmente incomodativos de dia 8 e 9 de Maio, se deveram aos testes do novo secador de 300 Ton / dia e ao facto de as máquinas andarem a mexer no monte da "parga" e assim a libertarem gazes da decomposição do material. Igualmente, o Sr. Alcides Branco, insistiu no facto de o fumo branco que se solta da nova chaminé, é exclusivamente vapor de água, não tendo nada a ver com os cheiros (tive nesta altura, oportunidade de dizer que os factos, contradizem as palavras e que, pelo menos, o "vapor de água" cheira mal ou então serve de veículo transmissor e potenciador dos cheiros).
Igualmente as obras, para a concretização de um edifício de armazenagem de matéria prima já seca (que já não deita cheiros incómodos) não foram ainda efectuadas pois o respectivo licenciamento por parte da CMM só chegou em Dezembro de 2006. Seria fundamental um maior empenhamento da Câmara neste sentido, mas ao mesmo tempo também compreendo a posição de não quererem ser associados a quaisquer possíveis "colaborações" se de facto o problema não tiver solução - algumas decisões são difíceis de tomar, mas devem ser tomadas!
É da convicção do Sr. Alcides Branco que o problema ficará resolvido quando o secador estiver a laborar em pleno e que os cheiros desaparecerão ou pelo menos serão pouco intensos e/ou frequentes. Demonstrou, que a empresa está disposta a incorporar o custo das externalidades negativas com o investimento em novas tecnologias. Espero, sinceramente, que o problema fique de facto resolvido e desejo o maior sucesso industrial à empresa em causa (desde que esse sucesso não implique no insucesso dos outros).
Se "até Julho", até Julho será. Pela minha parte, não me importo em pôr água na fervura, uma vez que há vontade efectiva em resolver o problema. Mas, Senhor Alcides Branco, com a clareza e educação com que lhe disse isto ontem, volto a afirmar: "Dentro de toda a legalidade e direito à indignação que nos assiste, serei um dos primeiros a levantar-me e a criar graves incómodos à empresa, se o problema não for de facto resolvido. E não estarei sozinho: CMM, JFL, JTL, ADELB, partidos políticos, jornais, bloggers e população em geral, estarão ao meu lado. Apenas posso desejar, com toda a sinceridade, que as suas esperanças e as dos técnicos que para si trabalham, sejam GENUINAS."
Touché...