segunda-feira, 31 de março de 2008

Hoje, na RTP1, o programa "Prós e Contras" vai eleger como tema a questão da indisciplina na escola, "Da palmatória ao empurrão".
Apesar de ainda não ser desta que vou comentar o fenómeno da indisciplina nas escolas, só queria anotar, rapidamente, três coisas:
1) a atitude da turma e da aluna do tão famoso video será apenas uma consequência da indisciplina que já existia nesta aula.
2) o desespero da professora em agarrar o telemóvel da aluna é consequência da incapacidade da docente (e da escola) em lidar com a indisciplina.
3) se este video não viesse a público, ter-se-ia feito o que se fez em relação à responsabilização da aluna e da turma?
Quanto ao debate de hoje, espero que reine a serenidade e o bom senso, porque se é essencial que exista disciplina para que haja apendizagem, também é essencial que se eduque em liberdade para que se possam formar cidadãos responsáveis. Que não se limite o debate a diagnósticos e bodes expiatórios: somos todos culpados.
E, a pretexto, ou não, umas das melhores músicas de sempre dos velhinhos Supertramp, "School".

4 comentários:

lua-de-mel-lua-de-fel disse...

Enganei-me no título do debate; melhor, era este o título que li no site da RTP, mas que depois, em directo no programa, surgiu como "Educação: que autoridade", ou algo que o valha.
Não sei se viram o debate, mas houve ali alguma confusão de análise por parte de alguns comentadores. Ainda que seja uma fã do psiquiatra Pio de Abreu e do filósofo José Gil, a minha escolha para melhor intervenção vai para o professor da Escola Secundária da Moita (nome do qual não fixei, lamentavelmente). Ainda que seja uma seguidora compulsiva deste programa, lamento que tenha ficado para o fim e com tempo de antena reduzido, a única especialista no debate sobre esta matéria da indisciplina nas escolas, com uma investigação de 3 anos no terreno.

Lucius Licinius Lucullus disse...

O que tira credibilidade a muitos dos comentários que são feitos acerca deste assunto é aquela velha mania portuguesa de pôr tudo no mesmo saco. Não é um caso isolado, não é novo nem é um problema exclusivamente político.
É um problema social com responsabilidades de alguns pais, de alguns professores, de algumas escolas e de alguns políticos.
Não sei se leu, mas tive oportunidade de escrever sobre o assunto na Milha, embora agora ache que não deixei a impressão inequivoca de que há muitos belíssimos professores no nosso sistema de ensino.

Jihad disse...

VOLTA DONA BRITES, ESTÁS PERDOADA (e AINDA não morrestes!!!)! A CULPA É DOS PAIS!!!!!

lua-de-mel-lua-de-fel disse...

Caro Lucius, li de facto o seu post na Milha, mas acabei por não comentar, porque é um problema (como todos os que são relativos à educação) demasiado complexo mas, contudo, sobre o qual todos acham ter razão. Penso que, de fcato, um dos responsáveis são as escolas e alguma classe docente. Obviamente, há professores bons, serão mesmo a maioria (e fez bem sublinhar a ressalva, no seu post ela não está clara). Mas também há aqueles que permitiram o crescendo deste estado de coisas, muitas vezes, como muito bem veio hoje dizer o Pinto Monteiro, por medo e, acrescento, vergonha. A violência, contudo, é de um novo tipo de violência; não me parece legítimo - e penso até um equívoco simplista - que se venha minimizar a presente violência com outro tipo de rebeldia ou mesmo violência em certos períodos históricos, sociais e políticos.
A escola tem responsabilidade já que, não raras vezes, prefere ignorar o assunto a tentar resolvê-lo (a não ser que seja transpirado para a opinião pública): executivos sem autoridade, docentes que querem conquistar os alunos por uma suposta familiaridade (as mulheres sobretudo), os professores que têm vergonha de admitir que t~em problemas de indisciplina na sua aula, etc.. A par disto, a entrada no sistema de alguns tipos de pais, que pressionam as escolas e acreditam mais na palavra do catraio/a do que na dos seus professores. A par disto, ainda, e não sei se será de somenos, a perda de alguma aura que os professores tinham, não como ditadores, mas como alguém que tinha uma tarefa nobre; aura esta que se terá perdido, entre outras coisas, pela perda de poder de compra, progressão congelada e trabalho precário. (O dinheiro dá poder)
Com tantas linhas e nós neste assunto, e ainda que não queira ser simplista, penso que muita da responsabilidade é de facto dos pais. Eu, que fui aluna muito tempo e continuo a sê-lo por opção, nunca faltei ao respeito a um professor, mesmo que não houvesse qualquer empatia ou/e encontrasse nele fragilidades e/ou defeitos pedagógicos. E não fui uma aluna tímida; fui rebelde q.b.. Este respeito aprendi-o em casa, não na Igreja, não na escola.

jihad: é melhor não se confundir autoridade com autoritarismo. O país e a educação não precisa de Donas Brites.