“Quando ouço falar de cultura … puxo logo da pistola”
Foto de Dias dos Reis
A frase é de Paul Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda Nazi, e em vez de “pistolas” podemos ler na metáfora todos os instrumentos e mecanismos que derrubam a cultura, como derrubados foram os painéis de azulejo da Fonte de S. João; e onde podemos ler o espírito de todas as ditaduras, de quem a cultura é inimiga, excepto a que tem o seu móbil não na emancipação humana mas na propaganda.
A azulejaria portuguesa, arte herdada dos nossos antepassados árabes, é uma arte que remonta já ao século XV/XVI, fazendo do nosso país um ex-libris mundial; aliás, é em Portugal que existe o único Museu dedicado a esta arte. Os exemplos nacionais são muitos, já que é comum termos fachadas em Portugal nesta arte, mas, além dos painéis do Palace que conhecemos bem, podemos ainda ver esta arte magistralmente conseguida no Palácio Fronteira, na Igreja de S. Roque, na Fábrica da Viúva de Lamego, na Igreja Madre de Deus…
Assim, a insensibilidade tosca e tacanha, diria mesmo analfabetismo cultural, dos que dirigem os nossos “destinos” a nível local está patenteada na destruição destes azulejos da Fonte. E, por favor, não me digam que tentaram. Há técnicas para fazer tal trabalho ou a recuperação de fachadas e painéis de azulejos com séculos de existência não seria possível como é.
O problema não tem só que ver com a falta de cultura dos nossos políticos, aliada a ânsias de mostrar obra feita só movida pelo desejo de popularidade e não pelo bem-comum da população (e junto a minha voz àqueles que não compreendem por que razão se começa pela Fonte e não por outros locais/situações mais urgentes); tem que ver, também, com uma estulta relativização da obra e do autor da obra. Quem não considera que a cultura tem um papel crucial num povo, depressa resvala para a imbecilidade do não respeito por quem a produz, considerando-a menor, limitando-se a organizar umas festinhas e bailaricos para ir calando o povo, que quanto mais inculto mais passível de ser manipulado.
A relativização e falta de respeito pela obra e pelo autor é, pois, aqui, gritante. E para sublinhar isto, gostava de dar a pensar esta hipótese: se a obra fosse de um dos muitos nomes maiores da Arte portuguesa o mesmo teria acontecido? Se a obra fosse da Vieira da Silva (azulejos do metro de Lisboa), de Júlio Resende, de Rafael Bordalo Pinheiro, de Eduardo Néry, do Júlio Pomar, do Cargaleiro, etc., todos eles com incursões na azulejaria, teria acontecido o mesmo? Obviamente que não, porque os brutinhos que permitiram o que aconteceu, podem não saber nada de cultura mas lambem os pés a quem já está consagrado.
A azulejaria portuguesa, arte herdada dos nossos antepassados árabes, é uma arte que remonta já ao século XV/XVI, fazendo do nosso país um ex-libris mundial; aliás, é em Portugal que existe o único Museu dedicado a esta arte. Os exemplos nacionais são muitos, já que é comum termos fachadas em Portugal nesta arte, mas, além dos painéis do Palace que conhecemos bem, podemos ainda ver esta arte magistralmente conseguida no Palácio Fronteira, na Igreja de S. Roque, na Fábrica da Viúva de Lamego, na Igreja Madre de Deus…
Assim, a insensibilidade tosca e tacanha, diria mesmo analfabetismo cultural, dos que dirigem os nossos “destinos” a nível local está patenteada na destruição destes azulejos da Fonte. E, por favor, não me digam que tentaram. Há técnicas para fazer tal trabalho ou a recuperação de fachadas e painéis de azulejos com séculos de existência não seria possível como é.
O problema não tem só que ver com a falta de cultura dos nossos políticos, aliada a ânsias de mostrar obra feita só movida pelo desejo de popularidade e não pelo bem-comum da população (e junto a minha voz àqueles que não compreendem por que razão se começa pela Fonte e não por outros locais/situações mais urgentes); tem que ver, também, com uma estulta relativização da obra e do autor da obra. Quem não considera que a cultura tem um papel crucial num povo, depressa resvala para a imbecilidade do não respeito por quem a produz, considerando-a menor, limitando-se a organizar umas festinhas e bailaricos para ir calando o povo, que quanto mais inculto mais passível de ser manipulado.
A relativização e falta de respeito pela obra e pelo autor é, pois, aqui, gritante. E para sublinhar isto, gostava de dar a pensar esta hipótese: se a obra fosse de um dos muitos nomes maiores da Arte portuguesa o mesmo teria acontecido? Se a obra fosse da Vieira da Silva (azulejos do metro de Lisboa), de Júlio Resende, de Rafael Bordalo Pinheiro, de Eduardo Néry, do Júlio Pomar, do Cargaleiro, etc., todos eles com incursões na azulejaria, teria acontecido o mesmo? Obviamente que não, porque os brutinhos que permitiram o que aconteceu, podem não saber nada de cultura mas lambem os pés a quem já está consagrado.
Muitos foram os turistas que tiraram fotografias junto aos painéis do Paulo Silva, mais foram aqueles que se demoraram a apreciá-los, quer tenha sido uma apreciação meramente sensível, quer uma apreciação estético-artística. Com a reconstrução da fonte de S. João, simplesmente acabaram com eles, mas, com certeza, continuará a rotunda dos garrafões na Avenida, porque oferecida pela SAL, e outros abortos que tais.
2 comentários:
Queria apenas partilhar um pensamento, os individuos que agora não conseguiram preservar os paineis de azulejo existentes na Fonte não foram os mesmos que promoveram a construção de dois murais de... azulejo? Independentemente de se gostar ou não da técnica/estética acho indiscutivel o valor histórico e, porque não, patrimonial dos mesmos que agora não foi possivel manter! Valham-nos os registos fotograficos para reavivar a memória...
Eu promovi a construção dos murais no Luso e promovi, também, a colocação dos painéis na Fonte de S. João elaborados pelo Senhor António Carvalho. Depois, com a derrocada do muro, convidámos o Paulo Silva para executar o obra, Fomos muitas vezes à Pampilhosa e a minha opinião só diferia no tamanho. Eu achava que deveriam ser um pouco maiores.
Quando soube por este blogue que um painel tinha sido destruído fiquei completamente estarrecido,
Estou desde Junho à espera de uma missiva que enviei à CMM perguntando pela requalificação da zona central de Luso. Enviei cópia ao Senhor Presidente da Assembleia Municipal da Mealhada que a divulgou no órgão que preside. Terei todo o gosto em enviar cópia à Administração do Amo-te Luso, porque na última Assembleia Municipal tive uma intervenção onde salientei o facto de não me ter sido dado resposta.
Quanto à rotunda dos garrafões, ouvi dizer que, os mesmos, iriam para a rotunda junto à SAL.
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