domingo, 9 de março de 2008

É preciso ter topete...

Em entrevista ao Jornal Sol, Alberto da Ponte é a favor de uma revisão da lei do tabaco que permita excepções nos espaços de diversão, porque o consumo de cerveja em bares e discotecas tem diminuido após a entrada desta lei.
Lá se foi o que restava da responsabilidade social aspirada por um qualquer extractor de fumos.

No último parágrafo lê-se também que há um orçamento de 40 milhões de euros para marketing. 12 milhões serão para o futebol. Tudo para gastar este ano. Porque para o ano haverá outro tanto ou porventura mais.
Para as Termas do Luso, a "solução mais cara" custará entre um milhão e duzentos e cinquenta mil euros (1.25 milhões) e um milhão e seiscentos mil euros (1,6 milhões). Um investimento que se fará de uma só vez. Um investimento que continuamos à espera que se cumpra.

2 comentários:

lua-de-mel-lua-de-fel disse...

Qual é o espanto, quando a Alcides Branco calou alguns (que se dizem mundos e fundos de amor ao Luso) trocando dinheiro por silêncios e, sem despudor, apoia o desporto no Luso, fazendo que o Luso não seja amante (o que ama) nem amável (o passível de ser amado), mas uma meretriz?
Focando-me no post,penso que, ao contrário de ti, a responsabilidade social de uma empresa não tem o seu lugar numa responsablidade social tão alargada. Quando penso em responsabilidade social de uma empresa, penso nas condições laborais e sociais que essa empresa "dá" aos seus trabalhadores (planos de saúde, apoio ao agregado familiar, etc.). E mesmo aqui, não sei se podemos falar de responsabilidade social, já que as empresas visam o lucro e estas condições são meios para, pela satisfação dos trabalhadores, aumentar a produtividade (e o lucro).
Outra responsabilidade diferente é aquela que tem que ver com o meio envolvente da empresa e, para tal, são as instituições, representativas do povo, que devem pressionar e fazer cumprir.
Destas responsabilidades assumir uma responsabilidade relativa, por exemplo, à saúde pública é um salto lógico muito grande - mesmo que a utilizem como estratégia publicitária.
O que me irrita nisto é que, mais uma vez, se confirma que esta empresa não se cansa de atirar areia para olhos daqueles com os quais tem um acordo, acordo que eles próprios confirmam ter. Isto significa duas coisas: que, por um lado, esta é apenas uma pedra no sapato deles, mas não assim tão importante e, por isso, julgá-los de boa-fé não passa de um desejo nosso (que leva a que se arrastem discussões sobre soluções possíveis); por outro lado, que as termas não são, para eles, um negócio economicamente viável (ao contrário do futebol, cujo investimento compensa pela publicidade de faz). Toda esta questão se reduz ao velho conflito de interesses e só na esfera legal, parece-me, se pode encontrar uma solução que o resolva (a Lei existe exactamente para mediar conflitos de interesses; antes de tudo o mais, parece-me).

Jerico & Albardas, Lda. disse...

Lua,
Aquilo que eu gostaria de salientar é o facto da Central de Cervejas sempre ter procurado passar uma imagem de empresa associada a acções e valores nobres, saudáveis, bla, bla, bla, sempre disposta a apoiar causas humanitárias, sociais, respeitadora do ambiente... bla, bla, bla. E ao longo dos anos foram construindo e consolidando esta máscara, comercial obviamente e que já não nos ilude.
Esta entrevista deixa cair essa máscara. Num dos jornais mais lidos do país. E é um mau serviço prestado pelo Sr. Alberto na propaganda e nas campanhas que têm vindo a ser desenvolvidas. A construção da tal máscara.

Daí o post seguinte, onde a empresa regressa ao seu estilo habitual de apelar a formas saudáveis e em que pretendo confrontar com este post, onde a saúde já não lhe merece tanto apreço.