Venha a navalha de Ockham
Em 2001...
No jornal Expresso: "A PALAVRA de honra de um deputado - o socialista António Marqueiro, que se esqueceu de assinar o livro de presenças mas que jura ter comparecido às votações - salvou a Lei da Programação Militar (LPM). Depois do EXPRESSO ter noticiado o risco de desconformidade da lei com a Constituição - por faltar um voto para os 116 exigidos pela Lei Fundamental -, Marqueiro solicitou a rectificação do Diário da Assembleia onde o seu nome não constava e passou a constar.
O deputado invocou como testemunhas o seu líder parlamentar, Francisco Assis, e o secretário da mesa, Artur Penedos, tendo ambos confirmado que Marqueiro esteve naquele dia no plenário, embora sem referirem se votou ou não. O próprio garante que votou e, nestes casos, a palavra de honra do deputado prevalece, o que levou a conferência de líderes a decidir, por unanimidade, que o Diário da AR devia ser emendado e a votação validada." (resto)
O deputado invocou como testemunhas o seu líder parlamentar, Francisco Assis, e o secretário da mesa, Artur Penedos, tendo ambos confirmado que Marqueiro esteve naquele dia no plenário, embora sem referirem se votou ou não. O próprio garante que votou e, nestes casos, a palavra de honra do deputado prevalece, o que levou a conferência de líderes a decidir, por unanimidade, que o Diário da AR devia ser emendado e a votação validada." (resto)
Na TSF, três dias antes: "Uma maioria de 116 deputados aprovou a Lei de Programação Militar, mas um deles foi dado como ausente. O socialista Rui Marqueiro, deputado 116 da Lei da Programação Militar, em declarações à TSF, assume que não está cem por cento certo de ter estado em plenário no momento da votação do diploma.No entanto, o deputado assegura que assistiu ao debate, nessa quinta-feira, 27 de Setembro, só que se esqueceu de assinar o livro de presenças." (resto)
(bold e azul meus)
5 comentários:
Palavra de honra?
Contrariando o princípio, nem sempre a explicação mais simples nos parece a mais plausível, principalmente vindo de quem vem.
Ave Caesar
Mas....a propósito. Porquê desenterrar esta história antiga? Saberá algo mais do que aparenta? Confidencie lá com os "companheiros".
Ave Caesar
Para quem não gosta de dar títulos, este da "navalha de Ockham" (cujo significado tive de ir pesquisar) está fabuloso.
É um assunto antigo, mas que tem o condão de focar um tema que continua actual, condimentado com uma personagem bem conhecida do nosso burgo.
De facto continua por se perceber porque razão temos uma assembleia com tantos deputados, quando a esmagadora maioria apenas está lá (às vezes nem isso) para fazer o favor de votar naquilo que lhes mandarem. Quando votam.
Se colocarmos em prática a navalha de Ockham, mesmo que na sua vertente mais simplista, temos que Rui Marqueiro não só é "esquecido" como "honra" tem para ele um significado pouco honroso. A explicação mais simples é que Marqueiro não estava na votação, mesmo que tenha dado a sua palavra. A outra, também simples, é que a função de deputado era tão levada a sério que a votação era uma coisa de somenos, dizendo-se marioneta do sistema. O passado, meu caro Gaius, é importante quando se trata de pessoas que querem fazer parte do nosso futuro, sobretudo como dirigente político. Deste ponto de vista, prefiro um Limiano a um político invertebrado.
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